Esta postagem é dedicada a uma Visita Técnica de alunos dos
Cursos Técnicos de Segurança do Trabalho e Logística. Foram dois dias com
muitas atividades. Foi muito corrido, mas tudo correu dentro do programado - locais e horários – no primeiro dia fizemos um tour pela cidade de
Paulo Afonso e pelo Complexo da Hidrelétrica. Levamos 7 horas de viagem e como sempre a ansiedade pela chegada –
mesmo com paradas para descansar, fazer um lanche e esticar as pernas – fez com
que o tempo de viagem parecesse
interminável.
Chegamos à Paulo Afonso por volta das 3 horas da manhã e
efetuamos nosso check in sem problemas, nos hospedamos no Hotel Belvedere –
muito bem localizado inclusive, na avenida principal de Paulo Afonso – com
instalações de categoria turística econômica , padrão 3 estrelas e com serviço
geral de hospedagem (recepção, estacionamento, segurança, limpeza, quartos, banheiros, áreas comuns,
área de lazer e restaurante) satisfatório e
muito eficiente.
Fomos acompanhados por um monitor responsável durante todo o
programa e no dia da visita técnica ao complexo da hidrelétrica e tour pela
cidade de Paulo Afonso tivemos a companhia de um guia de turismo profissional e
credenciado da cidade com mais de 20 anos de experiência na condução de grupos
em visitas técnicas, isso nos deu a
condição de receber informações detalhadas e precisas por toda a visita.
Durante o programa as
fotos foram permitidas, sem restrições apesar de ser tudo muito rápido pude trazer
belos registros da grandiosidade das instalações da Hidrelétrica de Paulo
Afonso, da cidade e de um passeio de catamarã no leito do Rio São Francisco
programado para o último dia. Conseguimos ver de perto a dimensão do rio que
garante o abastecimento das represas/barragens construídas pelos funcionários
da Chesf de modo quase “artesanal” e que
fez – e continua fazendo – história na região nordeste.
Do ponto de vista turístico e do ponto de vista de um
estudante de curso técnico com foco na segurança do trabalho pude observar que
as instalações da hidrelétrica estão em bom estado de conservação, apesar de
algumas estarem fora de atividade e fechadas para visitação pública, a
segurança dos funcionários, colaboradores e visitantes em geral está sempre em
primeiro lugar.
Dentro das instalações da hidrelétrica e em todo seu
entorno, tudo é bem sinalizado e em zonas de segurança essa sinalização é
redobrada, em áreas restritas aos funcionários e a equipe técnica de operação e
manutenção só foi possível acompanhar e visitar e fotografar parte das
instalações, embora nosso guia nos deu um descritivo preciso de como as
atividades são realizadas e os procedimentos corretos em relação à segurança
necessária para cada uma das atividades. Pudemos ainda observar os grandes
riscos envolvidos durante a construção das unidades onde as turbinas geradoras
de energia foram colocadas.
O maquinário utilizado era bem rudimentar e devido
a extrema dificuldade de acesso e ao tamanho e porte da construção, muita coisa
– para não dizer tudo – precisou ser construído, fabricado ou adaptado. Justamente por causa disso, em épocas em que
a segurança dos trabalhadores não era levada tão a sério, diante da necessidade
e da urgência da demanda do consumo
energético da região nordeste por conta
do crescimento das capitais e desenvolvimento do interior dos estados, aliado a
alta temperatura observada na cidade
como um todo (segundo nosso guia podendo chegar facilmente a casa dos 40 graus.
No dia da nossa visita os termômetros de rua e os aplicativos de meteorologia
dos celulares dos membros do nosso grupo marcavam 36 graus por volta das 10
horas da manhã) as altas temperaturas acabavam sendo potencializadas dentro das áreas destinadas às frentes de
trabalho e contribuíam para o não uso -
ou uso muito precário - de
ferramentas adequadas, materiais apropriados e equipamentos de segurança que
tivessem como foco a segurança dos operários que trabalharam na construção do
complexo hidrelétrico de Paulo Afonso.
Não tivemos tempo nem condições de ter acesso aos prontuários dos
registros dos acidentes até porque este não era o foco da nossa visita.
O foco
da nossa visita abordou o lado positivo da construção das instalações, da
grandiosidade da obra para soberania da geração e distribuição de energia
elétrica e administração dos recursos hídricos da região nordeste.
O passeio de catamarã, realizado horas antes de encerrarmos
nossa visita à cidade, nos deu uma visão mais íntima e pessoal do Rio São
Francisco – carinhosamente chamado e conhecido como “Velho Chico” – o cânion
formado pelas margens rochosas durante todo o percurso do passeio no leito do
rio, nos mostrou um Velho Chico grandioso e imponente, apesar de alguns traços
de poluição e pedidos de socorro da natureza que teimam em ser ignorados pelo
homem, o Rio São Francisco é sim uma das maravilhas da Região Nordeste.
Em um dado momento consegui me afastar um pouco do grupo e
acabei iniciando uma conversa informal com um dos ribeirinhos que morava bem
próximo a uma das margens, que tirava parte de seu sustento da pesca de
espécies de peixes encontrados no rio,
queixava-se por ter sido forçado a se mudar por conta de projetos de
preservação de mata ciliar – a caatinga está presente em toda região que circunda
a cidade, grande parte do caminho de
nossa viagem e no topo das margens do rio – e apesar de sua saída e
transferência de sua residência e de todos que estavam “incomodando” a fauna e
a flora nativa, se queixa de problemas relacionados à saúde e vitalidade do
rio, da redução da quantidade de peixes e diminuição do volume da águas do rio
e sabia que ele em si, não era responsável por nada daquilo, triste e com um
tom de revolta no discurso dizia:
“sinto
muito por eu ter sido afastado do meu véio cumpanheiro de guerra e muita luta
pá botá algo na mesa da minha família, vejo um rastro de destruição deixado
pelo hômi que senta nos escritório e não chegam nem perto da água do meu véio
Chico, eu num queria nada demais, só queria que ele não sofresse tanto com o
que os hômi de gravata fazem com ele”
-
referindo-se aos projetos de exploração energética ao longo do rio e das obras
de desvio da águas do São Francisco para irrigação em outras áreas do sertão de
outros estados inclusive - e cá entre
nós, ele não deixa de ter razão.
O saldo desta visita técnica é que nós pudemos observar
projetos realizados com sucesso e não deixam de ser altamente lucrativos – necessários para desenvolvimento da região
nordeste e do país como um todo – motivo de grande orgulho para os envolvidos
neste processo desde os políticos até os técnicos, engenheiros e operários que
dedicaram anos de suas vidas ao árduo trabalho necessário para a construção de
tudo que o Parque Hidrelétrico de Paulo Afonso representa para a cidade e para os estados beneficiados com
tudo que o Rio São Francisco oferece. Por outro lado, não podemos nos descuidar
dos sinais que o “Velho Chico” chega a deixar evidente em certos pontos e com o
passar dos anos, o sofrimento imposto ao rio são grandes, as consequências
podem ser irreparáveis e as futuras gerações podem sofrer ainda mais – com a
redução dos recursos hídricos e a dificuldade da manutenção da geração autônoma
de energia elétrica assim como o aumento no valor dos serviços prestados pela
companhia energética, forçando o uso de fontes alternativas de geração de
energia... há alternativas disponíveis nos dias de hoje, mas os projetos ainda são caros e a falta do lobby político para
democratização destas fontes alternativas torna o processo lento, burocrático e
distante das famílias menos favorecidas que sempre estiveram literalmente ao
lado do Velho Chico.
Acompanhem as fotos:
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Hospedagem em Paulo Afonso. |
Serviço:
Hospedagem indicada para sua visita a Paulo Afonso.
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Av. Apolônio Sales 457 | Centro
| Paulo Afonso | Bahia CEP: 4.601-195
Tel: (75) 3281 - 8698 / (75) 3281 - 8650 / E-mail:
reservas@hotelbelvederepa.com.br
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Monumento em Paulo Afonso
- representando a sabedoria do homem e a força da natureza -
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Placa Monumento - O Touro e Sucuri -
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Vista da Entrada Principal do Complexo Hidrelétrico. |
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Vista parcial do Cânion - frente da entrada principal - |
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Vista de um dos mirantes construídos no roteiro da visita. |
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Linhas de transmissão da Chesf
ligando dois estados Bahia e Alagoas |
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Linhas de transmissão da Chesf
ligando dois estados Bahia e Alagoas |
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Detalhe dos vergalhões usados aos milhões
para construção de parte da estrutura da hidrelétrica |
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Foto para comparação
- quase dois dedos de largura dos varões usados
para armar a malha de aço bruto de parte das construções |
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Vista da ponte usada para transporte de funcionários
e material para manutenção na outra margem do rio |
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Torre de Observação
- infelizmente fechada para visitação
pública na época da visita - |
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Vista de um dos pátios do início das linhas de energia. |
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Vista lateral de um dos pontos do
pátio de início das linhas de transmissão. |
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Estrutura usada para elevação de
peças para manutenção da sala das turbinas
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Réplica de uma das turbinas usadas na hidrelétrica |
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Prédio do Centro de Controle Operacional de Paulo Afonso. |
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Primeiros equipamentos usados
no início das operações em Paulo Afonso. |
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Primeiras motobombas de pressurização.
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Primeiros Reguladores de Velocidade. |
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Fotos originais do início da construção
da Hidrelétrica de Paulo Afonso. |
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Rotor - Estator da Excitatriz. |
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Rotor - Estator. |
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Placa da Inauguração de Paulo Afonso. |
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Vista do início das linhas de condução
externa e no topo, a torre de elevação e manutenção.
- altura comparada a um prédio de 30 andares -
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Entrada da gruta que leva a sala das turbinas. |
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Sala das turbinas de geração de energia.
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Em azul o topo das câmeras onde as turbinas
estão instaladas - área de segurança em Paulo Afonso - |
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Uma das comportas das barragens de Paulo Afonso. |
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Visão de um dos mirantes numa das bases da ponte de transporte. |
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Cachoeira de Paulo Afonso.
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Placa instalada no mirante da Cachoeira de Paulo Afonso. |
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Carro usado para transporte de materiais,
fabricados na própria hidrelétrica,
em ferro fundido, numa época que não se usava solda. |
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Animal flagrado em uma das áreas ao redor
da Cachoeira de Paulo Afonso. |
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