Em mais uma postagem sobre as curiosidades do mundo da
arte do bem servir, me atrevo a dar um passeio pelo mundo fascinante de uma
bebida muito conhecida e apreciada por nós brasileiros, o café. Sim, o próprio,
que já deu as cartas em um período da nossa história e deu início a um ciclo
econômico total e quase exclusivamente dependente deste grão.
Ao chegar em uma cafeteria, restaurante, lanchonete, é
bem comum ouvir o pedido – Um café, por favor! – e este hábito é facilmente
reconhecido e solicitação pode ser feita em vários idiomas ao redor do mundo:
“A atte”, “Um Pingado”, “Um Espresso”, “Um Carioca”, entre outras formas de
pedir “Aquele Pretinho Forte”. Este pedido pode ser atendido das mais variadas
formas e com as mais diversificadas combinações, acrescido de leite, chantilly,
canela, chocolate, grãos selecionados, torra diferenciada, país de origem,
forma de cultivo, seja ele feito em uma cafeteira italiana de alta pressão ou
aquele passado no velho e bom coador de pano, o aroma, o sabor, a cor e a
imensa satisfação que os apreciadores conseguem ter com uma xícara/caneca de
café podem ser facilmente encontradas nos quatro cantos do mundo.
Em português, o antes desagradável café, quente e amargo,
não era compreendido em Portugal o motivo pelo qual uma bebida como esta fazia
sucesso. Até que popularizou-se pelo nome de BICA – sim, ouvia-se a célebre
frase: “Vou ali tomar uma BICA!” – BICA nada mais era do que a forma resumida
de se referir a uma recomendação que tornou a bebida mais agradável aos
paladares que estranhavam a bebida feita com grãos dos trópicos. BICA nada mais
é do que uma palavra formada pelas iniciais das palavras “Beba Isso Com Açúcar”
e quando se lia nas placas dos comércios das cidades a palavra BICA, lá seria
possível apreciar um bom café.
Hoje em dia, o hábito de tomar uma xícara dessa bebida
quente, forte e cheia de personalidade torna-se cada vez mais um ritual
prazeroso, que não envolve apenas o líquido de cor amadeirado-escuro que já foi
chamado entre os gastrônomos e famosos baritas de “ouro negro”. Observamos que
as xícaras, o ambiente, o serviço e até o design dos móveis – mesas e cadeiras
– fazem parte dessa experiência que normalmente se desfruta nas primeiras horas
do dia, muitas vezes em casa mesmo, as vezes sem tanto glamour envolvido, e
justamente por conta disso, pode se repetido inúmeras vezes ao dia. Essa
cultura do café nos apresenta diversas classificações, novos costumes,
aprimoramento de tradições e aguça ainda mais o paladar seletivo dos bebedores
de café.
Verdade seja dita, o que seria da inspiração clássica das
pessoas se elas não tivessem a companhia de um bom café, desde o século 19? Nos
dias de hoje além das cafeterias que seguem o “Americam Way” – servindo a bebida
forte, as vezes nem tão forte assim para os paladares brasileiros, em uma
xícara enorme, tendo como companhia um laptop e conexão com a internet Wi-Fi
liberada, para passar o tempo em um ambiente informal e cercado pela cultura
pop moderna. - Há ainda as “Coffee Houses”
– verdadeiras boutiques para apreciação do café que oferecem um cardápio não
apenas com as mais diversas formas de preparo, mas também com uma variada
seleção de grãos que vão do orgânico, até àqueles com leves toques de
chocolate, vindos da Etiópia à Colômbia.
Encontrar lugares que ofereçam este ritual gastronômico,
e que deve estar no “To Do List” de qualquer viajante, torna-se cada vez mais
fácil e surpreendente, é comum encontra-los em guias turísticos das cidades, ou
citados em matérias de livros, sites e blogs de pessoas que assim como eu, já
encarou verdadeiras aventuras por conta de uma experiência gastronômica
marcante.
Vou apresentar-lhes agora uma seleção de lugares que você
pode degustar um café que vai agradar a gregos, troianos e brasileiros
exigentes.
ROMA, ITÁLIA.
Gran Caffè La Caffettiera - Roma |
Depois de uma
visita ao palácio papal e uma volta pela Cidade do Vaticano, não há nada mais
típico do que visitar uma cafeteria italiana para saborear um dos melhores
produtos do país: uma dose de café expresso. As praças ficam repletas de
nativos e turistas com suas xícaras de cappuccino – deliciosos diga-se de
passagem – mas a minha recomendação é: faça seu pedido no balcão, e para sua
experiência ficar completa, aquele velho e bom bate-papo com os frequentadores
do lugar te colocará dentro da aura cotidiana da cidade.
VIENA, AUSTRIA.
Café Sperl - Vienna - |
Lá a tal cultura do café tem um nome específico –
“kaffeehauskultur” – esse termo é antigo, vem da época que os turcos dominavam
a cidade no século 17. Os turistas não podem deixar de experimentar um bom
“einspanner” – café expresso duplo com chantilly – acompanhado de uma generosa
fatia de torta de chocolate. Outra dica preciosa é não deixar de adquirir uma
xícara de porcelana como souvenir do local, são lindas, delicadas e exclusivas.
NOVA IORQUE, ESTADOS UNIDOS.
Fluffy´s Café and Pizzeria - Nova Iorque - |
A ilha de Manhattan é quase um sinônimo de “Starbucks”,
na minha opinião até mais que Seattle – onde foi fundada a rede na década de
70. – Apesar da tradição local de sair
desfilando pelas ruas da cidade com um
copo enorme cheio de um café que nem é dos mais fortes nem encorpados, Nova
Iorque oferece cafeterias que não deixam
os apreciadores da bebida insatisfeito. Uma boa dica é procurar as “coffee
shops” que funcionam combinadas com outras atividades como por exemplo uma
livraria, uma loja descolada de produtos vintage ou ainda uma casa onde se
possa apreciar um bom jazz.
WELLINGTON, NOVA ZELÂNDIA.
Joe´s Garage Caffe - Nova Zelândia - |
Dizem que esta cidade neozelandesa tem mais cafés per
capita que a cidade de Nova Iorque, exatamente por isso não será uma tarefa difícil
escolher entre as mais diversas cafeterias. Vou confessar algo para vocês, os
especialistas no assunto aconselham escolher uma cafeteria que represente um
dos torrefadores locais, como o Havana Café. Peça um “Kiwi”, que lembra o latte
americano, só que é servido com leite mais cremoso e em copos de cerâmica, os
especialistas alegam que a cerâmica ou porcelana são ideias para apreciar um
bom café, pois os copos industrializados de isopor, plástico ou papel
prejudicam o aroma e podem alterar o sabor original da bebida.
BUENOS AIRES, ARGENTINA.
Cafe Tortoni - Buenos Aires - |
Por conta de suas origens espanholas e italianas, a
cultura do café se faz presente na maioria das cidades argentinas, presença
essa que pode ser notada ainda mais forte na capital Buenos Aires. Padarias e
casas de café se espalham principalmente por bairros como San Telmo – conhecido
por sua gastronomia -. Uma dica minha para aqueles que estejam de passagem pela
cidade é pedir um cortado (expresso com uma pitada de leite) com um croissant
fresquinho e de quebra um daqueles alfajores divinos.
RIO DE JANEIRO, BRASIL.
Confeitaria Colombo - Rio de Janeiro - |
A cidade carioca entra na minha lista sim, por conta de
uma das mais conhecidas e mais tradicionais cafeterias que se tem notícias,
estou falando da Confeitaria Colombo, um ambiente charmoso que entrou para a
seleta lista das cafeterias mais bonitas do mundo – e com toda razão. – A lista
é feita pelo UCity Guide, sua claraboia com mosaicos coloridos e seus balcões
de mármore italiano, formam um cenário sofisticado, perfeito para um encontro
social, regado com bastante café. Grandes nomes do cenário intelectual,
cultural e político nacional, como Olavo Bilac e Juscelino Kubitscheck,
frequentavam seus amplos salões.